A ironia do Destino é, por vezes, uma
consequência do inconsciente coletivo. E é nas moedas do euro que o verdadeiro
Portugal, aquele que está para além dos políticos e dos indivíduos destituídos
de transcendência na relação com a pátria, também se revela, mesmo que através
do símbolo. Vítor Manuel Fernandes dos Santos, o autor da iconografia presente
nos euros portugueses, delineou a resistência lusíada que agora se concretiza,
mesmo que em grupos restritos de pensadores. Para cada estrela das doze
presentes na bandeira da Comunidade Europeia, há um dos cinco escudos ou um dos
sete castelos do brasão português. Poder-se-á rebuscar justificações
materialistas para afirmar que é pura coincidência tal associação. Apesar de
tudo que se possa colocar contra a justificação simbólica, certo é o pormenor
dos castelos fazerem frente às estrelas, já que a sua posição não é meramente
ocasional.
Caro leitor, pegue numa moeda dos
euros com face relativa ao país lusíada e confirme aquilo que afirmamos.
Repare: os castelos estão postos como se defendessem a nacionalidade
portuguesa das Estrelas da União Europeia…
Ah! A ironia do espírito, do que é
invisível na verdadeira inteligência, é superior a todas as tentativas de se
debelar a razão oculta e exprime-se com uma força inabalável. É esta força que
faz com que as ideias da proto-história da evolução humana, caminho para se
concretizar a evolução espiritual, perdurem para lá de toda a asfixia material
e destituída de sentido.
A Portugalidade é um sentimento que
expressa a Consciência do que é ser português numa vida individual e no
coletivo, que é o povo consciente da própria história, não num contexto
isolado, mas num contexto mundial. A portugalidade exprime-se pela devoção a
uma razão superior à mesquinhez das vidas sem significado, a portugalidade, não
é, contudo, a sublimação da vida terrestre, mas a sublimação da
consciência de que essa mesma vida é um dos diversos degraus, para se atingir a
deificação do espírito. A portugalidade é o princípio da história
transcendente.
A portugalidade, expressa-se sempre
de formas extensas e dispersas. A primeira forma de expressão é a história, que
sempre deve ser lida num contexto supra-humano, quando o racionalismo cega os
olhos, que não são capazes de ver no nevoeiro, apesar de o nevoeiro, para o
português, ser uma fonte de luz intensa, pois nele subsiste a esperança
portuguesa. Da história, retiram-se cenas da alma lusíada e episódios
singulares. Outra forma de expressão é o espírito da paisagem: principalmente a
pedra antiga, que tantos ecos de verdade possui, apesar de muitos
portugueses já não possuírem ouvidos para escutar o mistério que conduziu os
antigos patriarcas. Outras formas de expressão resumem-se a livros, parte
constituinte de evangelho português, ou à transcendência de algumas tradições
estritamente nacionais, como o culto, do Império do Espírito Santo entre
outras.
Apesar de alguns portugueses não se
reconhecerem na grandiosidade que a Nação adquiriu ao longo de quase nove
séculos de existência, há um sentimento de maravilhas concretizadas, que não
pode ser dilacerado pelo ceticismo e ignorância atuais. Para aqueles que não
sentem Portugal na verdadeira dimensão, há um grito que sustém, na história
portuguesa, a despertá-los para a consciência das Glórias vividas, apesar de
certas desilusões. Mas, na avaliação que se poderia fazer, há ainda a
superioridade da nossa resistência face ao Mundo, onde já Portugal poderia não
ser Portugal se não tivesse tido a teleologia a suster os seus passos.
Portugal foi grande! Os portugueses
foram na materialidade grandes também! Tudo o que caminha para a perfeição
passa pelas contradições da beleza sublime. A portugalidade é um caminho em que
da simplicidade, nascem os sonhos de alguns homens, homens que sonharam os
sonhos na primordialidade de Deus. Da simplicidade do espírito, nasceu Portugal
– renasceu a Lusitânia! Da liberdade renascida, ergueu-se um país, que ao
Espírito Santo se entregou para cumprir os desígnios do Fim… Da simplicidade
nasceu a ganância para se ter um império material, contrário à simplicidade;
isto é: a simplicidade que permitiu vitórias como aquela que se concretizou na
Batalha de Aljubarrota, foi substituída pelo egoísmo – sentimento/estado, que
ao longo da história humana, foi a perdição de impérios diversos.
Mas, quando as catarses se cumprem, o
espírito ascende ainda mais pleno em si e com a consciência da transcendência
que o impele para o porvir áureo, não há lugar para o temor. Após quatro
descidas aos «Infernos», quatro ciclos, abre-se a porta para o último ciclo,
que é o cumprimento dos que o antecederam num percurso ascensional. Das trevas,
surge sempre o espírito renascido, da escuridão surge a luz que havia
permanecido em letargia até ser restaurada por uma causa superior a todas as
tendências maléficas.
Apesar do Mundo Moderno estar despido
de sentido; apesar dos homens permanecerem na libertinagem, hoje tão facilmente
confundida com a verdadeira liberdade; apesar dos homens terem perdido o
conhecimento das coisas primordiais; apesar de também os homens terem perdido o
conhecimento do que representa este mundo num processo único e eterno: apesar
de os homens terem esquecido a verdade dos seres; apesar de tudo, há um limiar
que continua a ser inabalável. Este limiar tem Deus a iluminá-lo com a sua voz
de remissão.
Apesar de grande parte dos
portugueses já não amarem a Pátria, o amor dos poucos portugueses, que tendem a
resistir a tudo, o que é nefasto na escuridão que envolve quase todo o planeta,
é um vórtice de verdade inextinguível. A portugalidade será sempre o sentimento
que moverá os evangelistas da transcendência existente…
- DESPERTAI, Ó PORTUGUESES! ESTE
MUNDO É EFÉMERO E O ESPÍRITO É QUE AVANÇA PARA LÁ DE TUDO O QUE NOS PRENDEU E
FEZ COM QUE NOS PERDÊSSEMOS.
( Texto retirado do livro PORTUGAL
TEMPLÁRIO de «S. FRANCLIM»)
Deificação (divinização,
endeusamento)
Teleologia (Conjunto das especulações que se
aplicam à noção de finalidade e às causas finais.)
Fiquem na minha Paz
EU SOU A VOZ DO CORAÇÃO
EU SOU
MARLIZ
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