O gene Luso sempre se revelou nos momentos de maior aperto e
aflição. Nunca a palavra crise teve um peso tão grande em outros povos, como
tem no Português. Crise, de crisis, significa câmbio, mudança e, se quisermos,
morte e renascimento como a mítica ave Fénix que, periodicamente, renasce das
suas cinzas, revigorada, sempre mais forte e isto porque a evolução espiritual
de um povo faz-se, não em círculo fechado mas em espiral.
Presentemente, o mundo e, no seio deste, Portugal, Portugal
vive uma das épocas mais difíceis de toda a história conhecida, porque nos
encontramos agora, precisamente, numa delicadíssima charneira a vários níveis e
sobre vários aspetos ou, se preferirmos, em diferentes charneiras que se
influem mutuamente. Assistimos, na verdade, ao fim de uma era em que os valores
que a caraterizaram viraram estrume – que será o adubo da nova era nascente – e
que tenta, tal moribundo leproso, sobreviver a qualquer preço, sem olhar a
meios, sem escrúpulos, sem respeito pelas leis, pela justiça, pelo bem comum,
pela natureza, pelo Homem, por Deus…! E emprega todos os meios ilícitos,
amorais, degradantes e infra-humanos em impedir o advento da nova Idade do
Mundo.
É nestes momentos de dissolução, diria mesmo, empregando um
termo alquímico, de putrefação, que emerge, paulatinamente, o gene luso da
genialidade, da coragem, da intrepidez, capaz de desbravar novos mundos, novos
horizontes psíquicos, mentais e, sobretudo, espirituais. E essa emergência já se
sente do lado de fora do pequeno retângulo ibérico. O germe da lusitanidade, estimulado
pela saudade do que há de vir, é o motor que, do exterior, impulsionará muito
em breve a Pátria/Mátria para o cumprimento da missão que a História lhe
reclama. Mais uma vez, no início de um novo ciclo, com Portugal, o mito
far-se-á história, marcada, desta vez, com o signo aquariano do quinto Império,
transcendente e espiritual.
FERNANDO PESSOA exprime de forma magistral o sentimento de
lusitanidade e o sentido de Império que corresponde, mítica e historicamente a
Portugal, quando se diz:
«Os índios da Índia inglesa dizem que são índios, os da Índia
portuguesa que são portugueses. Nisto que não provém de qualquer cálculo nosso,
está a chave do nosso possível domínio futuro. Porque a essência do grande
imperialismo é o converter os outros em nossa substância, o converter os outros
em nós mesmos. Assim nos aumentamos, ao passo que o imperialismo de conquista
só aumenta os nossos terrenos, e o de expansão o número de imperialismos da
Besta da cabala e do Apocalipse.»
Um pequeno apontamento para referir que na sociedade
portuguesa nasceu um movimento que atualmente dá pelo nome de Movimento
Internacional Lusófono (MIL), após votação dos seus associados.
Esta forma de associação lusófona não deve restringir-se a
Portugal e aos países de língua ou cultura portuguesa, mas a todos os países e
povos onde um português(e temos de ter em conta que em todos os cantos do mundo
existe, pelo menos, um luso), com a sua forma de estar e de ser, transmite a
sua marca, a sua cultura e se mescla naturalmente no seio dessas comunidades.
Vemos isso em alguns países (e só para citar alguns dos principais) como a
Venezuela, Estados Unidos da América (com uma significativa e importante
comunidade portuguesa), Canadá, França, Alemanha, Suíça, Luxemburgo, África do
Sul… em que os portugueses, à semelhança dos seus antepassados, convivem com
tão diferentes povos, aprendendo e extraindo deles o melhor que têm e
rejeitando o que contraria a sua forma de ser. A esta marca que nasce connosco
chamo Lusitanidade. E, dentro deste espírito, concordo em absoluto com D.
Duarte de Bragança quando, por ocasião do dia da Restauração, saúda «o
alargamento da CPLP, esperando que em breve Marrocos, o Senegal, as Ilhas Maurícias,
a Guiné Equatorial e os nossos irmãos galegos possam fazer parte dessa
comunidade. A Galiza procura afirmar a sua identidade cultural através da sua
«fala», que está na origem do português moderno».
É este elemento – a Lusitanidade – que nos faz capaz de
conviver e coexistir com qualquer povo, independentemente da língua – já que há
fatores de união bem mais poderosos – e, por isso, somos um povo universalista
que não se restringe a um espaço geográfico e abomina limitações. Somos um povo
de pioneiros, de lutadores e, por que não, de sonhadores (não é o sonho que
comanda a vida?) que segue o sonho de uma vida melhor e tudo faz para que ao
seu redor todos comunguem do seu estado de ânimo. Somos um povo universalista
enão nacionalista (se bem que utilizemos os nossos valores ou símbolos
nacionais para daí tomar fôlego para uma missão, causa ou ideal, como queiramos
chamar) e, sobretudo, somos um povo que não se deixa limitar a rótulos, pois o
Português é livre de viver o seu sonho: a união de todos os povos, a paz e o
amor universais, o tão apregoado Quinto Império pessoano. Para mim este é o
estigma ab origine do ser português – a Lusitanidade -, que se fez Uno na
Multiplicidade.
O MUNDO É A CASA DO PORTUGUÊS E O SEU LIMITE É O UNIVERSO.
Texto de Eduardo Amarante
Retirado do livro: «Portugal a Missão que falta cumprir»
Autores: Eduardo Amarante & Rainer Daehnhardt
Fiquem na minha Paz
EU SOU A VOZ DO CORAÇÃO
EU SOU
MARLIZ
(desligar a música do BLOG antes de ver este vídeo)
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