A ERA do Espirito Santo - Por Agostinho da Silva

«Agostinho da Silva confessou, com a determinação que tanto o caracterizava: «O que eu quero é que a filosofia que haja por estes lados arranque do povo português, faça que o povo português tenha confiança em si mesmo». Nesta frase denota-se bem a intenção alva do pensamento do professor.

Pelo centenário do seu nascimento, muitos dos seus livros vieram de novo à tona, adoro o Sete cartas a um jovem filósofo, ou a Vida de Francisco de Assis, e como admiro essa esplêndida pérola que é o Diário de Alcestes. Porém, o motivo deste post prende-se com outro livro: Agostinho da Silva -- ele próprio.

Neste inédito, transcrito à letra de uma conversa filmada por António Escudeiro, podemos constatar a grande mestria do orador que era Agostinho da Silva. De facto, as suas frases, mesmo ditas na intimidade de uma conversa entre amigos, são sempre de uma perfeição quase irreal, capaz de deslumbrar pela sua fluidez e escolha das palavras.

Sinopse do livro:

"Agostinho da Silva -- Ele Próprio é uma obra inédita, resultante da transcrição de um vídeo gravado por António Escudeiro nos anos 90. Este vídeo esteve, até hoje, "guardado no baú", até que o Espírito Santo o fez ganhar asas, voar e encontrar a sua razão de existência. Segundo o desejo do mesmo, tanto o DVD incluído como as palavras do texto são completamente fiéis ao original: sem montagens, sem correcções.

Estas imagens e estas palavras são, assim, um reflexo de Agostinho da Silva, do seu espírito criativo e do seu pensamento original e criador, o testemunho de um dos maiores pensadores portugueses do século XX."

Curiosidades:
A seguinte declaração de Eduardo Lourenço: "Conheci-o e apreciei-o, embora sempre muito intrigado com a sua figura misteriosa, mas foi talvez a pessoa mais extraordinária com que alguma vez me deparei -- não era parecido com ninguém excepto com ele próprio"*»


Veja agora este vídeo absolutamente espantoso (Não se esqueça de desligar primeiro a música do Blog)


HINO ÀS DIVAS DO FADO


Vós que encantais os corações e os espíritos
Que em consciência ampliada
Propagais a Alma de Portugal
E preparais o regresso do Encoberto
Em cada um de nós

Deusas carnais de vozes celestes
Que manifestais a Saudade
Com algumas notas e palavras
Arrancadas à banalidade como ao sublime

Vós levais às seis direcções
A palavra antiga em falas novas
Vós despetais os povos adormecidos
Ao abrasar seus espíritos livres
Fechados em absurdas contingências

Vós trazeis a Luz na obscuridade
Silêncio no baralho
Tranquilidade no seio do furor

Vós curais os corações e Almas
Vós reconciliais os seres consigo próprios
Vós chamai-os de novo à sua verdadeira natureza

Estendidas entre Terra e Céu
Vós abri-nos o caminho
Os vossos corpos e as vossas vozes
Tornam-se pontes
A fim de que o Tejo do Espírito
Não mais seja obstáculo, antes caminho
Rumo ao oceano infinito da SAUDADE DO DESEJADO.


Poema dedicado a Kátia Guerreiro  (Do Livro Hinário ao Rei Encoberto, de Rémi Boyer)


Fiquem na minha Paz

EU SOU A VOZ DO CORAÇÃO

EU SOU

MARLIZ

O Quinto Império



    Porquê o Quinto Império?
A divisão é a seguinte:
- Império Grego, sintetizando todos os conhecimentos, toda a experiência dos antigos impérios pré-culturais;
- Império Romano, sintetizando toda a experiência e cultura gregas e fundindo em seu âmbito todos os povos formadores, já ou depois, da nossa civilização;
- Império Cristão, fundindo a extensão do Império Romano com a cultura do Império Grego, e a regando-lhe elementos de toda a ordem oriental, entre os quais o elemento hebraico;
- Império Inglês, distribuindo por toda a terra os resultados dos outros três impérios, e sendo assim o primeiro de uma nova espécie de síntese -fundindo a cultura grega, em nenhum lugar tão marcada como em Inglaterra, pois que Milton é o mais grego dos poetas modernos -a extensão e "imperium" dos romanos, a moral cristã, em parte alguma tão activa como nos países de língua inglesa, onde é máxima a actividade cristã, como se vê elas seitas numerosíssimas que revelam essa especulação contante)...
- o Quinto império necessariamente fundirá esses quatro impérios com tudo quanto esteja fora deles, formando pois o primeiro império verdadeiramente mundial, ou universal.
O que é então o Quinto Império?
Está é, com certeza, uma pergunta cuja resposta não será tão clarificadora objetiva. Comecemos pelas palavras do próprio Pessoa:
"Todo o Império que não é baseado no Império Espiritual é uma morte de pé, um Cadáver mandando.
Só pode realizar utilmente o Império Espiritual a nação que for pequena, e em quem, portanto, nenhuma tentativa de absorção territorial pode nascer. (...)
Criando uma civilização espiritual própria, subjugaremos todos os povos; porque contra as artes e as forças do espírito não há resistência possível, sobretudo quando elas sejam bem organizadas, fortificadas por almas de generais do Espírito."

Das palavras de Pessoa, podemos depreender que o Quinto Império não é, de forma alguma, material mas sim espiritual, um império que se realiza através das artes e forças do espírito, que são incorruptíveis.

Pessoa sente que a única nação a realizar e conquistar este Quinto Império é a nação portuguesa, pois é a única que tem a força espiritual para tal feito. Este, já revelada com os descobrimentos, deve ser agora voltada para o plano cultural, espiritual.

Naufragado numa ilha distante, um marinheiro, sozinho e isolado, inventou uma pátria nova, sonhada à sua imagem e grandeza. De tal modo ela se tornou real que acabou por absorver as virtualidades da sua verdadeira pátria, acabando mesmo por a substituir. Assim, a pátria sonhada se sobrepôs à pátria real.
Talvez a «Mensagem» seja a pátria sonhada, tornada verdadeira para Pessoa.

O único perfil coerente e viável do nebuloso Quinto Império cifra-se em desejar que a decadente pátria portuguesa seja portuguesa com a mesma naturalidade com que a Inglesa é Inglesa.

Reduzindo a nossa cultura a tábua rasa – o Encoberto -, dissolvidos os pseudo universos dos outros, construiremos a nossa própria identidade cultural e espiritual, anterior e mais autêntica, universal, capaz de fazer com que voltemos a ser grandiosos no mundo porque seremos um exemplo de autenticidade e originalidade a seguir por todas as outras nações.

Mensagem (Fernando  Pessoa)

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MARLIZ

Chocalhos como Património Cultural Imaterial da Humanidade

Alentejo conquistou segundo selo da UNESCO hoje na Namíbia. 

Os chocalhos já tocaram na Namíbia

Portugal candidatou este ano à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) a inscrição do fabrico de chocalhos como Património Cultural Imaterial da Humanidade com Necessidade de Salvaguarda Urgente.
Assim que apareceu a palavra “adopted” no ecrã que projetava a proposta de Portugal, os chocalhos tocaram na Namíbia.
“Calma, ainda não declarei [os chocalhos património imaterial da Humanidade” disse entre sorrisos a presidente do comité, Trudie Amulungu, da Namíbia. E após uma pequeníssima pausa, lá disse o que a delegação portuguesa estava à espera: “Declaro que os chocalhos estão inscritos na lista. parabéns Portugal”. E os chocalhos voltaram a tocar dentro da sala em que decorre até sexta-feira a 10.ª conferência da UNESCO dedicada ao Património Imaterial.
Restam 13 mestres chocalheiros no país, quase todos na zona de Viana do Alentejo, nove deles com mais de 70 anos. Os outros têm entre 30 e 40 anos, nenhum tem aprendizes.
O processo, coordenado pelo antropólogo Paulo Lima, é liderado pela Turismo do Alentejo e Ribatejo, em colaboração com a Câmara de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas, mas tem âmbito nacional.
Fonte: DN
Comentário: É assim que sabiamente vamos preservando segredos e encantos culturais que de outra forma correriam o risco de se perderem numa altura de Tecnologias de ponta...
Muitos parabéns para todos os que trabalharam nesta candidatura... mas sobretudo muitos parabéns para toda a nossa Portugalidade.
Luís Matos